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Vinho Pêra-Manca tem uvas de safras raras e fila de espera para compra da garrafa. Confira...

Conheça alguns dos segredos de um dos vinhos mais cultuados de Portugal: o Pêra-Manca tinto, produzido apenas quando a safra do ano é considerada excepcional.

A Fundação Eugénio de Almeida, instituição com fins filantrópicos e um dos maiores proprietários do Alentejo, criada em 1963 lançou o seu vinho-emblema, o Pêra-Manca, um dos vinhos mais famosos do país, verdadeira lenda no Brasil.

Enólogo: Eng. Pedro Baptista (Foi eleito Enólogo do Ano em 2010 pela conceituada revista portuguesa “Wine - Essência do Vinho”)

Fundação Eugénio de Almeida é uma instituição de direito privado e utilidade pública, sediada em Évora, no Alentejo (Portugal). Os seus estatutos foram redigidos pelo próprio fundador, Vasco Maria Eugénio de Almeida, Conde de Villalva, no ano de sua fundação, em 1963. A missão institucional da Fundação concretiza-se nos domínios cultural, educativo, assistencial, social e espiritual, visando o desenvolvimento e elevação da região de Évora.

Produzido no Alentejo, é uma região portuguesa conhecida por suas belíssimas paisagens, culinária tradicional e também por abrigar algumas das mais importantes vinícolas de Portugal. Essa zona se destaca por contar com mais de três mil horas de sol por ano, solos pobres (o que é extremamente positivo para as vinhas) e apenas 600 mm de chuvas anuais. Juntos, estes fatores contribuem para que essa região produza vinhos de excelente qualidade, que adquirem harmonia e elegância já no primeiro ano de vida. Prova disso, é que os vinhos DOC mais vendidos de Portugal se encontram nesta zona.

A região também é reconhecida mundialmente como um destino turístico. Prova disso é a cidade de Évora, capital do Alentejo, que é considerada um Patrimônio Histórico da Humanidade, tombada pela UNESCO. Essa cidade é uma verdadeira atração turística, já que as construções antigas de seu centro histórico murado trazem consigo recordações de diferentes períodos da história. Além disso, com belas praias e planícies espetaculares, o Alentejo se solidifica como uma região extremamente atraente para visitar. Com aproximadamente 500 mil habitantes e mais de 30 mil quilômetros quadrados de território, o Alentejo é a maior região de Portugal.

Nessa mistura de uvas, que os portugueses sabem escolher muito bem, para criar um vinho, tem também uma pitada de geografia, história e cultura. E para contar melhor essa história do raro vinho português Pêra-Manca, fomos até as margens do rio Tejo, em Lisboa, onde em março do ano de 1500, Pedro Alvares Cabral partiu com suas caravelas e naus, em busca de terras ricas e promissoras para a coroa portuguesa. 

É dessa zona que vêm os tapetes de Arraiolos, bordados com lã e que são extremamente tradicionais no país. Além disso, os belos mármores de Estremoz e Borba também são provenientes dessa região e contam com uma rica história cultural, já que esse tipo de mármore foi incorporado desde a época em que o Império Romano controlava a Península Ibérica. Hoje, o mármore alentejano é exportado para diversos países do mundo.

Ao longo dos séculos, o Alentejo também obteve importância na produção de vinhos de qualidade superior. Nesta região se encontram alguns dos vinhos mais aclamados e prestigiados de Portugal. Suas vinícolas são extremamente tradicionais e algumas delas oferecem a oportunidade de Enoturismo, para que o visitante possa conhecer as estruturas das propriedades e as vinhas utilizadas, além de apreciar seus belos vinhos.

  • Principais Uvas Brancas: Antão Vaz, Arinto e Roupeiro.
  • Principais Uvas Tintas: Trincadeira, Aragonez, Alicante Bouschet, Alfrocheiro e Tinta Caiada.
     

A partir da década de 1980, a Fundação criou uma exploração agropecuária e industrial de referência em Portugal, com o intuito de garantir a sustentabilidade econômica da instituição. Destacam-se as áreas da olericultura e da viticultura, sendo esta última responsável pelos vinhos da Adega Cartuxa, um dos pilares da Fundação Eugénio de Almeida.

A produção obtida nas vinhas é vinificada no Monte dos Pinheiros, propriedade que conta com uma das mais modernas adegas de Portugal e com uma capacidade de produção superior a seis milhões de garrafas a cada safra. Os vinhos mais especiais da Fundação Eugénio de Almeida são estagiados num local histórico e sagrado, a Adega da Cartuxa, situada na Quinta de Valbom, nos arredores de Évora. Toda cercada por vinhas e com um charmoso enoturismo, a Adega da Cartuxa é visita obrigatória para todos os que se dirigem a Évora.

A vinícola conta com 600 hectares de vinhedos próprios, com as vinhas em permanente processo de renovação e reconversão. Para os vinhos brancos, as principais castas utilizadas são Roupeiro, Antão Vaz e Arinto. Já para os tintos, as uvas mais usadas são Trincadeira, Aragonez e Castelão.

Na Quinta de Valbom, também está situado o histórico Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli, conhecido comumente como Convento da Cartuxa. Construído entre 1587 e 1598, é utilizado pelos Monges Cartuxos em suas vidas dedicadas às orações. Após passar por uma série de reformas, o Mosteiro segue como um local de contemplação.

Prezando pela excelência e autenticidade, a empresa produz alguns dos vinhos mais emblemáticos do mundo, como o Pêra-Manca, a linha Cartuxa e a linha EA. Com base no sucesso de sua filosofia de negócios, os rótulos da Adega já foram agraciados com as mais diversas premiações internacionais do setor.

Além da viticultura, a Fundação Eugénio de Almeida produz, no Lagar Cartuxa, três azeites de oliva extra virgens de qualidade superior, com as marcas EA, Cartuxa e Álamos. Com uma área total de 400 hectares de olivais, as principais variedades de azeitonas cultivadas pela empresa são: Galega, Cobrançosa, Cordovil e Verdeal.

A Adega Cartuxa possui disponível o enoturismo, para que os interessados possam visitar as dependências da vinícola e conhecer a história da empresa. Além disso, quem visita o local pode conhecer os métodos de produção dos rótulos e degustar os vinhos e azeites disponíveis no portfólio. No centro de Évora, a Fundação Eugénio de Almeida conta também com um dos melhores restaurantes da cidade, a Enoteca Cartuxa.

De "vinho de Cabral" ao selo da casa da moeda: conheça o raro Pêra-Manca

Uma das bebidas mais cultuadas de Portugal tem uvas de safras raras e fila de espera para compra da garrafa

Citado em crônicas do século XVI, o Pêra-Manca foi o vinho eleito para selar o encontro entre Pedro Álvares Cabral e os Indígenas, na sua chegada ao Brasil em 1500. A sua história remonta à Idade Média e o seu nome inspira-se no terreno onde estavam localizados os vinhedos que davam origem ao vinho, um barranco com pedras soltas. Dizia-se, na época, que as pedras balançavam, mancavam e, por isso, eram "pedras mancas". Hoje, o Pêra-Manca é o vinho de exceção da Adega Cartuxa - Fundação Eugénio de Almeida, tendo sido elaborado pela primeira vez em 1990. 

Este vinho é produzido unicamente quando todos os requisitos de excepcional qualidade se cumprem. Suas uvas são provenientes de talhões selecionados nas vinhas da Adega Cartuxa com mais de 35 anos, onde ocorre a maturação suavemente, sem o strees hídrico exagerado, mantendo as potencialidades aromáticas das castas. Ao atingirem o estado de maturação ideal, as uvas são colhidas e transportadas para a adega, onde inicia-se o processo tecnológico, com desengace total e ligeiro esmagamento. A sua fermentação ocorre em balseiros de carvalho francês, com leveduras indígenas e temperatura controlada, seguida de uma maceração pós-fermentativa prolongada. 

Por fim, seu estágio transcorre por um período de 18 meses em tonéis de carvalho francês, com posterior estágio de 48 meses em garrafa nas caves do Mosteiro da Cartuxa. Este emblemático vinho teve uma produção de apenas 44 mil garrafas.

A expedição, que levava 1.500 homens, teve um erro de percurso e que sem querer, atracou na ilha, que ganhou o nome de Vera Cruz. Era 22 de abril, e mais tarde essa terra se chamaria Brasil. Mas pouca gente ouviu falar que durante a viagem dos desbravadores, entre calmaria e tempestades, teve vinho. Muito vinho.

Os capitães tinham direito a um litro por dia. E o vinho também era adicionado aos barris da água que era consumida pelos navegadores. Na época, os viajantes morriam por escorbuto, uma doença de inflamação nas gengivas, e o vinho era a salvação também para esse problema.

Dizem que esse vinho, que embarcou nas caravelas de Cabral, veio do sul de Portugal, em Évora, capital do Alentejo. Por lá, quem tem fama de vinho nobre é o Pêra-Manca.

“É nesse momento do brinde que a gente diz vida longa ao pêra-manca?”, pergunta o repórter Giba Smaniotto para João Teixeira, da Fundação Eugênio de Almeida. “Vida longa ao rei que era como se dizia antigamente. Portanto, podemos dizer que era vida longa ao Pêra-Manca, o verdadeiro rei entre os vinhos”, respondeu.

O nome Pêra-manca vem por causa das pedras que são encontradas nessa região. Elas são oscilantes. Se desequilibram, e por isso são chamadas de “pedras mancas”.

Todo seu processo de produção é complexo. A começar pela junção das duas uvas, que vem desses parreirais, de 25 a 30 anos de vida. 

A trincadeira, responsável pela acidez, e a aragonês, também conhecida como Tinta Roriz, que dá a estrutura ao vinho. Essas uvas são fermentadas separadamente, e só no final do processo são misturadas. 

“Nesta adega, quando a uva chega, ela é escolhida, selecionada, por uma máquina que funciona por inteligência artificial. É uma máquina que filma a uva e, de acordo com as indicações que nós lhe damos, essa máquina separa os bagos que queremos guardar e fermentar para dar origem ao vinho, dos bagos que não estão no estado ótimo de maturação. Por vezes, tem um baguinho que vem um pouco mais verde, outro baguinho que vem demasiado maduro. Com essa máquina, nós conseguimos separar tudo e usar apenas a melhor uva”, explicou Pedro Baptista, enólogo da Fundação Eugênio de Almeida.

O Pêra-Manca descansa em barris de carvalho francês. E depois, ele é armazenado em um mosteiro do século 16, da ordem dos Cartuxos, os monges que viviam enclausurados.

“A razão de estagiar aqui tem a ver com as características únicas de construção desse local, por estar enterrado com paredes muito grossas, e com o teto em arco e em abóbada com uma caixa de ar, preserva a temperatura ao longo de todo ano nos limites absolutamente ideais para o estágio para evolução dos vinhos”, completa Pedro.

Parece que esse é um dos vinhos que envelhecem com os cantos gregorianos. 

O Pêra-Manca é fabricado desde 1990. Em média, ele leva quatro anos para ficar pronto. A safra de 2015 alcançou as expectativas, mas a produção do pêra sempre foi limitada. Em uma década, são cerca de cinco safras. Por isso, o preço de uma garrafa de vinho tinto, considerada um ícone, pode ficar entre R$ 4 mil e R$ 5 mil.

Dentro de caixas, são três “pérolas”. Três garrafas de vinho Pêra-Manca, estão prontas para ir ao mercado. 

A garrafa desse vinho é tão concorrida que, para evitar falsificação e comprovar a autenticidade, ele tem um selo especial que é emitido pela Casa da Moeda de Portugal.

Depois de Portugal, o Brasil é o principal consumidor desse vinho, seguido pelos Estados Unidos, França, Angola e China. 

Mas para entender melhor porque os brasileiros curtem tanto esse vinho, fomos até uma importadora na grande São Paulo. O local tem mais de 1,2 milhão de garrafas de vinho. Só que o pêra-manca ainda não chegou.

Manuel Chicau é quem importa esses vinhos. Ele costuma dizer que cada vez que chegam as valiosas garrafas, é uma briga, porque os aficionados, os apaixonados por esse vinho querem o pêra-manca a qualquer custo.

“É verdade. Isso estamos falando do tinto, mas no branco só tem nove ou dez meses por ano. Dois meses ou três meses falta, porque todo mundo quer ter um pêra-manca, seja branco ou tinto, na mesa. O brasileiro adora ir a Portugal, a relação está muito estreita. O enoturismo da fundação Eugénio de Almeida, os brasileiros são o número um, mais que portugueses e mais que o dobro que o segundo, que são os portugueses. E todo mundo quer ter na mesa o vinho que o Cabral serviu para os índios”, explica o empresário ao falar da disputa, que rende até brigas. “Sim, o primeiro container que vai chegar vai ser no final desse mês e já teve briga. Já teve cliente que ficou sem e está danado”, completa.

 

Elis Salles - Jundiaí - Itupeva
A palavra que me representa bem é empreendedora, atualmente estou administrando o Espaço Comercial Villa Medeiros com Salas Comerciais e Coworking e investindo no Refúgios no Interior de SP. Algumas atividades agregam minha trajetória profissional como empresária no mercado imobiliário durante 15 anos (2005-2020), Corretora de Imóveis (Creci f-68203), Avaliadora de Imóveis (Cnai 22634), escritora e consultora imobiliária.

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